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Nota de repúdio à TV Record

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Acredito que todos tenham acompanhado a reportagem vergonhosa sobre games exibida pela TV Record neste Domingo. Como site de games em geral não podíamos deixar de prestar nossa nota de repúdio a esta reportagem vergonhosa, tendenciosa e mal feita que faz a nossa humanidade (e sanidade) voltar uns 20 anos.

Segue abaixo o post do Kotaku Brasil, um dos poucos sites grandes a se posicionar de forma honrosa sobre o assunto.

Duke Nukem, Counter-Strike e GTA: jogos violentos e com imagens impressionantes

Os jogos são violentos, as imagens são impressionantes. Não sou eu quem estou dizendo, psicopatas e delinquentes do Kotaku Brasil, é o glorioso Domingo Espetacular, o programa da Record que poderia mudar de nome para Domingo Sensacional. Olá, tudo bem?

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Na reportagem bastante informativa e equilibrada que foi ao ar neste domingo, os jornalistas do Fantástico da Record, extremamente manjadores do assunto joguinhos que matam, ensinaram que os jogos violentos desviam os jovens de uma vida saudável e arruínam a família brasileira. A tese foi reforçada pela edição de imagens tendenciosa, pelo texto sensacionalista, depoimentos de… UMA ah… especialista e frases tortas de alguns jogadores (fake gamers!). Desinformação em estado bruto, trabalho de especialistas, não tente fazer igual em casa. Os entrevistados com opiniões contrárias às do jornal não foram ouvidos porque estavam “o dia inteiro na frente do computador” ou se banhando com o sangue de crianças inocentes, provavelmente. No final das contas, nada de novo na área. Só a confirmação de que Duke Nukem, Counter-Strike e GTA (a Tríade do Mal) são mesmo os “mais loucos que tá tendo”, reforçando as suspeitas anteriores de nossa tão esclarecida grande imprensa varonil.

Duke é um rapaz que “bebe, joga e se envolve com dançarinas”, em certo ponto ataca os inimigos em uma “sequência impressionante” de tiros. Counter-Strike é protagonizado por um esquadrão de terroristas. E GTA permite que você execute atividades jamais imaginadas pelo ser humano em milhares de anos de existência, como roubar carros, atropelar pessoas e ligar o rádio do carro para ouvir notícias sensacionalistas. Sobrou até para o discreto Hitman, é verdade, com a comparação inovadora alinhando o Agente 47 com Wellington Menezes, o rapaz que matou crianças na escola do Realengo. Antônio Werneck, de O Globo, deve ter ficado orgulhoso.

E nesse vale-tudo de informações que não se sustentam, vale jogar a culpa nos jogos através dos assassinos Wellington Menezes (massacre do Realengo) e Matheus da Costa Meira (tiroteio no cinema). “Pessoas com transtornos mentais que foram inspiradas pelos jogos”, diz o repórter da Record Afonso Monaco.

Os jogos apresentados pela Record não são identificados. Quais os nomes? Quem produz? Quando foram lançados? Quem joga? Por que tanta gente joga? Por que eu, Paulo Henrique Amorim, estou aqui forçando a entonação em frases vergonhosas como se fosse o paladinho da verdade? Não interessa. O fato é que os games estão à solta, podem ser conseguidos em qualquer esquina e vão fritar o cérebro dos seus filhos. Missão cumprida, família brasileira.

A Record não é exatamente o canal mais interessado em citar a fascinação religiosa de Wellington, o assassino do Realengo que, podemos dizer, “passava o dia inteiro lendo livros religiosos e falando em Deus”. Mas o Domingo Espetacular poderia, pelo menos, dar um F5 no leitor de feeds pesquisar mais de 10 minutos na Wikipédia para saber que evoluímos desde Duke Nukem, CS e GTA. É simplista, é idiota, mas é o máximo que podemos exigir deles: que atualizem a lista de culpados com jogos pós-2009 para nós, os gamers sociopatas, sentirmos que não paramos em 2001. Porque mentir, distorcer, omitir e desinformar é algo que eles vão continuar fazendo para sempre, estejam falando sobre “o perigo dos videogames” ou “os riscos de comer chocolate na Páscoa”.

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