A semana que se passou foi marcada por declarações negativas de Sony e Nintendo com relação às suas divisões de consoles portáteis. A Nintendo apresentou previsões pessimistas com relação às vendas de seus consoles, incluindo o 3DS. Enquanto isso, a Sony viu o interesse do consumidor pelo PS Vita praticamente desaparecer nos Estados Unidos (veja o gráfico abaixo). O chefe da Sony no Reino Unido, Fergal Gara, declarou abertamente, em entrevista ao site VG247, que os culpados do mau momento são os smartphones.
– Mercado de Jogos Mobile vs Mercado de Jogos Portáteis
Embora classifiquem erroneamente como um segmento dos jogos portáteis, os jogos de smartphone e tablets, na realidade, são UM NOVO MERCADO. E o que talvez rache a cuca dos gamers hardcore e “entendedores” do assunto, é que esse novo mercado cresce de maneira revolucionária sem os gamers tradicionais.
Desde o seu surgimento até hoje, os jogos mobile, em sua maioria, são o que sempre foram, uma diversão distrativa com ares casuais e que pode ser pausada a qualquer momento sem maiores problemas para a percepção do jogador. Esse é o cerne do mercado, que é um pouco diferente dos jogos para portáteis, mais imersivos e que buscam prender o jogador por outros elementos como narrativas e por aí vai.
O fato interessante dos jogos mobile é que eles lembram o início dos videogames, quando a diversão era direta e menos elaborada. Não há nada de errado com os consoles portáteis, mas ao que parece, o grande volume do mercado, está procurando uma distração e deixando para jogar de forma engajada em consoles de mesa.
– Modelos com microtransações, uma ideia que atropelou PS Vita e 3DS no ocidente
Quando a revolução dos jogos de smartphones surgiu, graças a App Store e depois a Google Play, não houve apenas uma evolução tecnológica, mas uma mudança de paradigma na forma de como fazer e vender jogos para dispositivos portáteis.
O sistema com microtransações, onde em alguns casos o jogo sai de graça, foi algo que Sony e Nintendo custaram a visualizar (e principalmente aceitar). Uma constante no mercado de jogos eletrônicos é que mesmo no jogo mais hardcore, a grande maioria dos consumidores jogam casualmente, nem chegando a terminar o jogo. Para realizar uma analogia engraçada é como comprar um álbum de música e não escutá-lo todo (quem conhece a história da iTunes Store, captou a mensagem).
O apelo para jogos casuais que custam pouco ou nada, fez o consumidor perceber que poderia economizar, descartando um console portátil e investindo no conjunto smartphone/tablet + console de mesa.
Por ser um mercado novo e, principalmente, um novo modelo de negócio, esperava-se que empresas especialistas no ramo embarcassem também no mesmo modelo de negócio, oferecendo jogos baratos em seus dispositivos. Porém, Sony e Nintendo foram na contramão, sempre querendo desacreditar os usuários que buscavam jogar no celular. O resultado foi desastroso como se vê no início desse post, com ambas choramingando sobre como os smartphones e tablets impactaram negativamente nos seus negócios.
Na minha opinião, a Nintendo deveriam ter criado seu próprio smartphone ou tablet, e unir a experiência de um console da Nintendo a um dispositivo particular de conectividade. Sério! Pense por um minuto em um smartphone com um S.O próprio da Nintendo e com suporte a jogos do DS, e até alguns jogos do 3DS. Vai me dizer que não seria incrível.
A Sony, em contrapartida, tem toda uma divisão de smartphones e tablets e teve a chance de fazer isso com o PS Vita, mas decidiu não fazer. O que custou caro para a dona da marca Playstation que se decidiu apenas incursões tímidas como o Xperia Play e suporte ao controle do Playstation 3. Xperia Play 2? Cadê?
– Smartphone: um rival que dobra de poder a cada ano
Com a evolução (eu diria revolução) dos smartphones, a capacidade de processamento dos aparelhos praticamente dobra a cada ano. A corrida pela liderança entre várias várias fabricantes do seguimento, trouxe um grande poder de processamento, telas brilhantes e muita capacidade de armazenamento. Algo que possibilitou que jogos como GTA San Andreas, um dos jogos de maior sucessos de todos os tempos, chegasse ao Android e iOS, e não no PS Vita e Nintendo 3DS.
Mas mesmo com essas conversões de jogos de PC e outros consoles para smartphones, basta uma rápida olhada na App Store ou Google Play, para perceber que o mercado de jogos mobile não precisava dessas conversões, pois está muito bem serviço de desenvolvedores Indie e pequenas empresas. Exemplos não faltam com jogos como: Papa Sangre, Sorcery, Year Walk, Device 6 que primam pelo rigor artístico e experimentalismo. Opções para diversão instantânea sempre estiveram presentes e são um dos maiores triunfos dos jogos mobile: Subway Surfers, Banana Kong, Candy Crush Saga, Clash of Clans, Angry Birds e muitos outros. E para os amantes de diversão “quase” hardcore há vários jogos como: Modern Combat 4, Real Racing 3, Deus EX: The Fall e mais outra infinidade de jogos.
Como vimos no parágrafo anterior, a comunidade de desenvolvedores indie, empresas pequenas e até gigantes do mercado, desenvolvendo para mobile é grande e graças a facilidade de publicar jogos, duvido muito que elas abandonem esse modelo. Sem falar que atualmente a audiência é a “perder de vista”.
– O verdadeiro problema para Sony e Nintendo ainda está por vir
Há quem pense que os consoles portáteis podem dar a volta por cima, mas a realidade é que os smartphones ainda não demostraram todo o seu potencial. Imagine o que acontecerá quando os controles físicos, uma reclamação constante dos fãs xiitas dos portáteis, se tornarem populares. Ou quando as baterias finalmente atingirem um nível como a dos celulares antigos da Nokia, que duravam semanas?
Seja qual for o movimento que Sony e Nintendo pretendem fazer para mudar a realidade atual de suas plataformas portáteis, é bom elas fazerem logo. Ou ficarão com um pedaço cada vez menor do mercado de jogos portáteis e na preferência do consumidor.
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