Análise: Brothers in Arms 3: Sons of War

Depois de quase cinco anos, finalmente a Gameloft lança o terceiro jogo de Brothers in Arms para iOS e Android, e pela primeira vez, para Windows Phone. Brothers in Arms 3: Sons of War (BIA 3) apresenta profundas mudanças tanto na jogabilidade como modelo de vendas. BIA 3 é um jogo Freemium. Algo a se comemorar? Confere o review aí para saber.

– Brothers of Mobile

Brothers in Arms é uma série com forte presença no mundo dos celulares. Bem antes do primeiro Modern Combat surgir, a Gameloft já trazia os jogos da série para os celulares Java como: Brothers in Arms: Earned in Blood e Brothers In Arms: Art of war.

A série também marcou presente na N-Gage 2.0 (Nokia Symbian) e no começo da App Store (iOS) com Brothers In Arms: Hour of Heroes e Brothers In Arms 2: Global Front. Apenas Global Front chegou ao Android, o que fez muita gente sentir falta do primeiro jogo.

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O primeiro Brothers in Arms chegou ao iOS em fevereiro de 2008.

E é justamente na primeira instalação da série nos smartphones que BIA 3 se apoia. O jogo segue o mesmo padrão de tiro em terceira pessoa, seguindo o esquema de entrincheirar-se e atirar, passando por caminhos pré-estabelecidos, mas dando liberdade ao jogador para escolher suas próprias “soluções” de cada fase.

– Controles delícia

Logo de cara, é impossível não gostar dos controles de Brothers in Arms 3: Sons of War. Simples, precisos e com boas assistências, o game deixa a tarefa de mirar e atirar muito simples. O recuo da arma, geralmente para cima, facilita bastante na hora de acertar ‘headshots’ nos inimigos.

Essencial para um jogo que investe na repetição de fases, os comandos de BIA 3 são excepcionais, bem calibrados e com respostas excelentes. O bom conjunto derrapa apenas no botão de recarregar que ficou muito pequeno. Em momentos de muita ação, tive que adotar a estratégia de tocar várias vezes para ter certeza de que conseguiria recarregar a arma imediatamente.

BIA 3 é ainda mais fácil de jogar que os games anteriores da franquia.

Uma das novidades de BIA 3 é o uso de segundo soldado, que o jogador agora pode comandar através de um botão. São vários soldados e cada um é especialista em alguma coisa. Há peritos em bombas, atiradores de elite e por aí vai. O curioso é que quando algum deles morre, o jogador não pode mais utilizá-lo. Outra novidade acontece durante o tiroteio, é possível acertar um tiro especial onde a câmera “vai junto” com a bela, criando uma cena de grande impacto.

Brothers in Arms 3 trouxe um sistema de fases que em muito se parece com o de Modern Combat 5. Fases curtas e repetitivas que incentivam o jogador a “rejogar” cada uma delas para conseguir completar todas as missões. Com isso, o jogador consegue evoluir não apenas o seu soldado, mas também evolui as armas. É justamente aqui onde a coisa começa a “pegar”.

– Um ótimo jogo, com um péssimo modelo de monetização

Como é sabido por muitos, em jogos freemium, as produtoras costumam adicionar um elemento para o jogador ter que “esperar”. Esse elemento costuma vir apenas em um sistema de “energia” para você esperar seu personagem recarregar sua energia. Não quer esperar? pague! É assim que muitos jogos freemium funcionam.

Mas em BIA 3 temos inúmeros elementos de espera. O principal sistema de espera não é a energia do seu personagem, mas sim as melhorias de armas necessárias para iniciar cada missão.

“Pense numa lapada nos beiço”.

No começo, tudo funciona às mil maravilhas, mas depois do terceiro capítulo, o jogo coloca um “freio” em sua própria jogabilidade, obrigando o jogador a escolher: pagar para ter acesso rápido as melhorias ou ter que revisitar as fases inicias várias vezes. Essa última alternativa é comprometida pelos menus confusos.

BIA 3 ainda inclui missões secundárias e eventos. Algumas dessas missões consomem pouca energia, enquanto os eventos consomem muita, obrigando o jogador a novamente parar de jogar. Contudo, o que mais decepciona no jogo são os consumíveis.

Não há como ganhar moedas douradas no jogo, a não ser pagando, e este é o único modo de usar os consumíveis. Isso torna algumas missões impossíveis de proposito, com um ar de “pague para passar”. Isso é algo que os jogadores facilmente percebem e desaprovam.

Preste atenção. A dificuldade do jogo a partir do capítulo três é elevada, e bem-vinda. O fato de não oferecer checkpoints e medkits (a não ser que você pague) é algo positivo, pois estimula o jogador a melhorar suas habilidades. Porém, em algumas missões, onde você deve explodir tanques, por exemplo, os lança-mísseis são escassos ou até inexistentes de propósito. Obrigando o jogador a tocar no botão e dar de cara com a singela tela abaixo.

Sistema de compras decepcionante.

Definitivamente é algo que a Gameloft precisa rever urgente. O jogo até oferece algumas opções de compra mais em conta para o jogador, porém, está bem distante dos jogos de outras empresas que mesmo que pouco, possibilitam que os jogadores ganhem as moedas mais caras do jogo de graça, EX: Clash of Clans, Hearthstone, dentre outros.

– “Você nem falou dos gráficos, tio”

Bom, vamos falar dos gráficos e ambientação do jogo, elementos que brilham em BIA 3. O jogo apresenta um bom visual, até mesmo em celulares medianos como o Moto G, é possível ver shaders realistas e efeitos de “blur” durante aquela cena de tiro onde a câmera acompanha a bala. As modelagem e texturas também estão ótimas, apesar de não serem tão bonitas como as apresentadas durante a E3 de 2013.

A ambientação do jogo é bem legal. Apesar da primeira parte se passar na Normandia, o jogo foge do velho esquema de representar os desembarques das tropas aliadas no Dia D. Ao invés disso, O protagonista do jogo está está infiltrado em território nazista, onde boa parte da Segunda Guerra se desenrolou na forma de guerrilhas dentro das cidades.

Independente do cenário, gráfico do jogo impressiona.

Os cenários são muito bonitos. Durante o tiroteio que se passa em uma catedral, consegue-se ver várias pinturas fielmente representadas. O jogo não exibe os símbolos do terceiro Reich, ao invés disso, temos representações figurativas como uma Cruz de Ferro.

Não nem tudo é representa a realidade nessa guerra. BIA 3 incluiu algumas armas “irreais”, colocadas de propósito para melhor a diversão. Segundo o próprio jogo, elas são fruto de experiências secretas dos nazistas.

– Conclusão

Brothers in Arms 3: Sons of War tem ótimos gráficos, jogabilidade excelente, mas modelo de monetização desastroso. Até mesmo a Gameloft já percebeu isso e talvez o game mude bastante com as atualizações futuras. Até lá, só nos resta fazer algo que fazemos em qualquer jogo freemium, esperar.

Prós

  • Visual incrível
  • Todo em português
  • Dificuldade na medida
  • Possibilidade de jogar Offline

Contras

  • Sistema de compras desistimulante
  • Muita espera

Nota 6/10

 

Ficha Técnica

Plafaformas: Android 4.0+,  iOS 6+ e Windows Phone 8+

Tamanho: 535 MB

Idioma: Português

 

Dario Coutinho

O "Gamer de Celular" Original. Criou um dos primeiros sites sobre jogos para celular em 2007, que viria a se tornar o Mobile Gamer Brasil em 2009. Formado em Ciência da Computação, escreve sobre tecnologia há mais de 16 anos. Com passagem por revistas de games (EGW, Arkade) e sites renomados como Techtudo. E-mail para contato: dario@mobilegamer.com.br

View Comments

  • Excelente análise :))
    Uma coisa que me preocupa atualmente é esse sistema de espera pra recarregar energia, acho chato demais ter que esperar. Me lembrou o Six-Guns, onde tinha uma missão que tinha que ter uma arma pra matar uns monstros, porém a arma era paga e o jogador é forçado a comprar pra poder progredir.

    • O que me deixa mais triste é que a jogabilidade de BIA 3 é excelente. Poderiam ter colocado anúncios ou outras formas de adquirir moedas douradas. Não dar opção para o jogador que não quer pagar é um erro.

      Entendo que o jogo precisa ter monetização para "se pagar", mas a Gameloft tem que levar em consideração também a parte do público que não pode, ou não tem meios de pagar pelas moedas douradas. Sem mencionar que o preço é bastante abusivo.

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