O fenômeno dos games mobile aconteceu sem nenhum incentivo ou participação do mercado de consoles. Talvez por isso, jogos de celular irritem tanto os gamers de outras plataformas. Foi uma revolução gamer que aconteceu sem os gamers tradicionais.
Você já deve ter ouvido algum amigo seu dizer: “celular só tem joguinho”, “nunca vou jogar no celular”, e frases desse tipo. Esses gamers que achavam que os jogos mobile eram uma moda passageira, nunca estiveram mais enganados. O lance é tão real que chegou ao ponto da Nintendo se render aos celulares. Algo impossível de se imaginar a apenas 6 anos.
Entenda, a Nintendo não está fazendo nenhuma caridade. Não tente diminuir o fato histórico que aconteceu na última quarta-feria (7), durante a keynote do iPhone 7. Trata-se da empresa que é sinônimo de videogame, que resgatou o mercado da falência em 1983, e que agora está colocando sua principal franquia no mobile.
Sim, a Nintendo já havia deixado claro que a Apple era a sua concorrente no mercado portátil (Já esqueceu? veja essa matéria de 2010). Colocar um jogo na plataforma da concorrência, seria o equivalente a Sony anunciar God of War para Xbox One.
A chegada oficial do Mario na plataforma mobile, é a última vitória que faltava para a plataforma que, sempre foi colocada em segundo plano pelas gigantes do mercado e pelos grandes portais de notícia de games.
– Um mercado com suas particularidades
Mas ser o hit do momento, o mercado mais badalado da atualidade, não significa que jogos de celular devem substituir os consoles. Quem acha que essa é a projeção que os analistas apontam, está muito enganado (pensar isso é uma burrice sem tamanho). Jogos mobile ainda continuam no mesmo nicho dos jogos portáteis, com todas as suas particularidades e limitações.
O inverso também é verdadeiro. Achar que os jogos mobile têm obrigação de ser uma cópia em miniatura dos consoles é simplesmente uma burrice (principalmente nessa altura do “campeonato”).
Mobile é uma plataforma muito heterogênea, tal qual o PC, mas que possui diversas limitações técnicas como consumo energético, espaço de armazenamento e concorrência de aplicações (como o app de telefone). Isso sem mencionar que jogar é uma atividade extra no celular.
Dito isso, não estranhe os games que a Nintendo lançar nos celulares, não forem uma cópia fiel do que a produtora lança nos consoles. A proposta da Nintendo é justamente abraçar as particularidades dos jogos mobile, mas trazendo toda a expertise de produzir games de qualidade.
O primeiro passo foi dado, Super Mario Run chega até o fim do ano para iOS, e posteriormente para Android. Agora, vazou que o jogo será premium, e não free-to-play, como pensavam alguns. Isso demonstra como a Nintendo está preocupada em realmente agregar valor à sua marca, e não apenas desgastá-la por uns trocados.
– De patinho feio à estrela da indústria
Não adianta tentar esconder. Games de celular sempre foram motivo de chacota e piadas, não apenas entre gamers de consoles, mas até no meio jornalístico. Já esqueceu do N-Gage? Ou de todos aqueles memes sobre os dedos cobrirem a tela enquanto se joga? Grande parcela do público gamer achava se tratar de uma moda passageira e que logo as pessoas se cansariam, e iriam para as “plataformas de verdade”.
Acontece que com 7 anos de mercado mobile gaming em sua “terceira geração”, a plataforma está longe de soar como passageira. Hoje, os games de celular representam uma fatia sólida do mercado, e já superaram os consoles com folga.
Em 2016, jogos mobile representam 37% do mercado global de games (smartphone e tablet). A plataforma PC vem em segundo lugar com 32% (PC e casual webgames), consoles em terceiro com 29% e portáteis com apenas 2% (!!!).
A projeção para 2019 é que os jogos mobile representem 45% do mercado de games (45!!! Quase a metade). Será a única plataforma com rápido crescimento até 2020, e as produtoras (e investidores) estão de olho nisso.
Recomendo a você, consolista, também ficar de olho. Ou literalmente vai ficar por fora do assunto que você mais gosta.