O sonho do brasileiro de comprar smartphone bom e barato praticamente acabou em 2020.
No ano de 2018, era muito fácil comprar um Pocophone F1 por algo em torno de R$ 1.300 (com frete e tudo). Dois anos depois, vivemos um dos piores momentos da economia brasileira, e isso repercute diretamente em como compramos nossos amados celulares importados.
A chegada do tão esperado Pocophone F2 Pro mostrou uma dura realidade. Testemunhamos o fim do mito do top de linha barato. Além de estar US$ 100 dólares acima do preço de lançamento do antecessor (preço padrão do Poco F2 é US$ 499), o dólar alto no Brasil destruiu qualquer possibilidade de comprar esse celular e dizer que “foi barato”.
– Dólar alto destruiu a ideia de importar um smartphone
No começo de 2019, o dólar era cotado R$ 3,65, em maio de 2020, ele já estava num patamar de R$ 5,80. Há um detalhe: ao realizar a compra no cartão, o valor pago, na realidade é maior, pois o dólar “para compra” fica sempre um pouco acima desse patamar. Em maio, o dólar já estava na casa dos R$ 6,17.
Nas lojas como Banggood e GearBest, o Pocophone F2 Pro não sai por menos de R$ 3 mil reais. Isso já com um desconto de 29%. Porém, ao juntar, frete (R$ 181) e taxa de imposto, o smartphone pode encostar ou passar dos R$ 4 mil.
Dependendo do que “der na cabeça” do fiscal da Receita Federal, a compra pode ficar impraticável. Quem compra Top de linha importado a preço cheio sabe disso. Já vi casos de taxarem um iPhone ou ROG Phone 2 em mais de 10 mil reais.
Em menos de 2 anos, abriu-se um abismo quase insuperável na importação de smartphones. No caso do Poco, se antes era fácil pagar algo em torno de R$ 1.300 por um top de linha, e receber facilmente, hoje além das dificuldades de importação, o dólar alto elimina qualquer vantagem em importar. Hoje, importar um Poco F2 Pro pode sair por mais de R$ 4 mil.
Vale lembrar. Topo de linha sempre foi caro no Brasil, sempre custou o preço de um bom notebook ou PC Gamer. Eu sei que a comparação é meio ridícula, mas ela serve para o leitor entender a questão do “valor agregado” de cada produto.
Foi justamente nessa questão de “valor” que os smartphones chineses de marcas como Xiaomi, OnePlus e etc entraram apartir de 2015 . Com preços acessíveis, principalmente para quem visava um topo de gama. Porém, a diferença entre um “celular chinês” e os “modelos nacionais” vem caindo drasticamente com arrocho fiscal aduaneiro (te multam mesmo quando está tudo certinho na nota) e dólar alto.
Como chegamos nesse desastre?
A grande culpada, é óbvio, é a pandemia de Coronavírus. Mas ela só revelou algo que já estava acontecendo no mercado, a contração via contratos de Swap feita pelo Banco Central. Esses contratos servem como um espécie de freio do dólar, mas eles não representam o real valor da moeda Real frente o Dólar.
Segundo analistas de bancos como Deutsche Bank e Credit Suisse, o dólar não voltará para um patamar abaixo dos R$ 5 tão cedo. A previsão é inclusive de piora, com o dólar podendo ficar na casa dos R$ 6.50.
“Ah, Dário, é só esperar a Black Friday”.
Abaixo, eu explico, por que você não deve esperar muito da Black Friday.
– Dólar alto será “embutido” nos eletrônicos depois da pandemia
Conforme a pandemia do Coronavírus se espalha pelo país e atrasa qualquer plano de retomada da economia, cai por terra também, qualquer plano de comprar smartphone barato na Black Friday.
Tudo caminha para que este ano tenhamos a Black Friday mais “Black Fraude” de todos os tempos.
As lojas e Marketplaces estão loucos para que o consumidor compre, mas que o faça isso utilizando o máximo de crédito possível. Com isso, o preço dos smartphones não deve ser muito diferente do que estamos vendo agora em Abril e Maio.
O dólar alto já está sendo embutido no preço de produtos já em estoque. Os grandes varejistas já estão “inflando” o preço dos aparelhos para oferecer um desconto mínimo em novembro. Talvez o único smartphone que aparente ser barato nessa época do ano seja o Samsung Galaxy S10 Lite (se ele for ofertado por menos de R$ 2.500).
Em breve, vamos fazer uma lista dos smartphones para ficar de olho em 2020, e quais valem a pena comprar e quais passar longe. Aguarde.