No dia 7 de outubro de 2003, a Nokia, uma gigante de telecomunicações na época, lançou um dispositivo portátil que prometia revolucionar o mundo dos games. O N-Gage, uma combinação entre celular, videogame e dispositivo de consumo de mídia interativa (incluindo acesso a internet) chegou ao mundo. Hoje, celebramos os 20 anos do N-Gage e refletimos sobre os muitos erros e acertos do polêmico smartphone da Nokia.
O Nokia N-Gage foi o primeiro smartphone focado em games da história. Anunciado em 4 de novembro de 2002, o smartphone gamer foi lançado nos Estados Unidos no dia 7 de outubro de 2003. O N-Gage vinha com o Symbian OS v6.1 Series 60.
Uma dúvida muito comum de quem viveu apenas a era de iPhone e smartphone Android, é pensar que não existiam smartphones antes de 2007.
Os primeiros smartphones começaram a surgir em 1994 com o IBM Simon Personal Communicator.
Pode parecer algo incomum hoje em dia, mas até 2002, ano em que o N-Gage foi anunciado, os smartphones sempre eram voltados para público corporativo. O N-Gage foi o primeiro smartphone focado 100% em games, e focado no público jovem.
Tela:
Hardware:
Câmera:
Conectividade:
Áudio:
Bateria:
Sistema Operacional e Software:
Outros Recursos:
O Nokia N-Gage foi um smartphone/console cheio de boas ideias. Confira algumas delas:
A primeira versão do Nokia N-Gage possuía vários problemas de design.
Apesar de possuir a possibilidade de baixar os jogos, o smartphone contava com um slot para cartão MMC em que os usuários podiam colocar jogos físicos nele. O problema, é que era preciso tirar a bateria para trocar de jogo. Um erro grosseiro.
Além disso, a forma de segurar o aparelho para atender ligações rapidamente virou motivo de chacota. Ao segurar o smartphone durante ligações, a impressão era que ele parecia um Taco (comida mexicana).
A campanha de marketing para o lançamento do N-Gage foi um completo desastre. Ao invés de focar no público mais infantil e/ou mulheres, a Nokia focou em uma campanha bastante sexista, até mesmo para a época.
Abaixo, você confere um tweet com uma foto da época. Uma moça sobe ao palco, tira a roupa e revela o preço do N-Gage: US$ 299. Em 2003 o dólar custava em torno de R$ 3 e o N-Gage custaria em torno de R$ 897. Parece barato? Vale lembrar que o salário mínimo na época era R$ 240.
Apesar de não haver muitos registros em vídeos, a E3 de 2003 onde o N-Gage teve seu preço revelado é lendária. A apresentação da Nokia na época foi uma das coisas mais desastrosas da história da E3.
O preço do N-Gage na época era de US$ 299. Um preço considerado caro se comparado ao Gameboy Advance, seu concorrente direto.
Na mesma E3, foi anunciado o lendário Sony PSP. Nem preciso dizer que o PSP fazia o N-Gage parecer um dispositivo de 10 anos atrás.
A recepção de público e crítica ao N-Gage foi bastante morna.
Sobre a E3 da época, o IGN escreveu:
“mas se houve a pior conferência de imprensa da E3 de todos os tempos, foi a conferência da Nokia na E3 2003. O show começou com um bando de garotos totalmente suburbanos dançando em um palco tentando fazer a versão finlandesa do hip-hop americano. Parecia ruim.
A situação piorou ainda mais quando dois enormes e abastados executivos finlandeses surgiram no meio da multidão parecendo agentes do serviço secreto. As crianças desapareceram do palco quando os executivos malvados começaram a divulgar seu sistema de celular/jogo N-Gage.
A manifestação continuou e nada deu certo. Alguns dos jogos não funcionaram. Os que funcionaram, Tomb Raider, por exemplo, pareciam muito, muito feios ou muito, muito antiquados. Simplesmente não havia razão para querer um N-Gage.”
E o IGN continua:
“Desta vez, a garota tirou a blusa. Não se preocupe. Ela tinha um top de biquíni por baixo. Nenhuma prisão foi feita. Ela tinha o número $299 rabiscado na barriga em grandes letras vermelhas. “
O The Next Leve escreveu:
“E então chegou o momento da verdade: o anúncio do preço. Este anúncio deveria refletir a coletiva de imprensa da Sony, na qual eles anunciaram que o PSone seria vendido por US$ 299 (que na época era US$ 100 a menos que o Sega Saturn). Essa garota corre para a pista e dança e depois tira a blusa, com o preço pintado na barriga:
US$ 299.
Sem aplausos.
Para piorar a situação, a conferência foi repleta de erros de áudio e vídeo e silêncios constrangedores. É quase como se, no final da apresentação, o pessoal da Nokia soubesse que iria tomar banho com isso.”
O N-gage não foi um sucesso comercial e muito mesmo um sucesso de público e crítica. O smartphone vendeu pouco e em poucos meses a Nokia sabia que tinha uma verdadeira “bomba” nas mãos.
Em abril de 2004, a Nokia revela o redesign do N-Gage, o N-Gage QD. O novo dispositivo era levemente menor, com visual mais bonito, excelente para colocar no bolso e corrigindo a forma de colocar os jogos e de segurar o aparelho durante ligações.
O N-Gage QD foi lançado em 26 de maio de 2004 com o mesmo Symbian OS v6.1 Series 60 1st Edition FP1.
A campanha de marketing foi melhorada, mas infelizmente o dano já estava feito.
Apesar do N-Gage QD ser um dispositivo mais acertado, o N-Gage foi um fracasso e foi descontinuado em 2005.
Ao todo o N-Gage contou com 65 jogos. Quatro deles foram lançados apenas para imprensa.
A ideia de que o smartphone era um dispositivo para consumo de mídia e entretenimento pode parecer algo trivial hoje em dia, mas até o lançamento do iPhone em 2007 e/ou Nokia N95 e N73, os smartphones eram vistos como dispositivos para “homens de negócio”, sempre com comerciais e anúncios bem chatos e “corporativos”.
Apesar do N-Gage ter sido um fracasso, segundo a Nokia, em um comunicado à imprensa que havia enviado seu milionésimo aparelho, representando um marco para a empresa, apesar de não ter alcançado a projeção inicial da empresa de seis milhões de aparelhos até o final de 2004. No entanto, o número de aparelhos enviados não fornece uma imagem confiável das vendas reais do aparelho. No total, a Nokia enviou 3 milhões de aparelhos N-Gage até o final de 2007.
O N-Gage e outras apostas da Nokia de smartphones para o público jovem, ajudou a incutir na mente das pessoas a ideia que smartphones podem ser um dispositivo para jogos, música e vídeos. Algo que muitas crianças (como eu) já faziam quando pegavam os celulares dos pais.
Com informações de:
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ta aí um conceito que estava a frente do seu tempo pena que foi um fracasso
Infelizmente a maior parte das coisas lançadas a frente do tempo, só são reconhecidas anos depois.
ta aí um conceito que estava a frente do seu tempo pena que foi um fracasso
Infelizmente a maior parte das coisas lançadas a frente do tempo, só são reconhecidas anos depois.