Paralelamente a tecnologia J2ME surgiram os primeiros smartphones. Neles rodavam o sistema Palm OS, mas como o Palm nunca teria tido essa vocação para videogame, foi com o desenvolvimento do outro sistema operacional para celulaes, Symbian, que a “brincadeira” começou. Esse sistema surgiu da parceria de várias empresas como Nokia, Siemens, Samsung, Ericsson, Sony Ericsson e Panasonic em 1998 (WTF?), porém, apenas em 2002 com o lançamento do Nokia 7650 foi que o sistema ficou conhecido comercialmente.
Com um processador de 104mhz e sem a “prisão tecnológica” do J2ME, os desenvolvedores se sentiram tentados a criar jogos com gráficos mais realistas e utilizar mais efeitos sonoros (um dos grandes defeitos dos jogos em J2ME). Percebendo isso a Nokia cria um conceito de celular que mudaria para sempre o mercado de portáteis.
O N-Gage foi o primeiro smartphone com Symbian a ser pensado para os games. Foi durante a E3 de 2003 que a Nokia apresentou o seu sonho de que os celulares participassem mais ativamente do mercado de portáteis. Existe um bom artigo sobre a história do deste aparelho aqui.
Em resumo o N-Gage tinha poucas qualidades e muitos defeitos. O aparelho simplesmente não caiu no gosto do público. Além disso, o aparelho e os jogos eram caros, para se ter uma ideia, o aparelho custava o preço de um iPhone 4. Contribuíram para a derrocada do N-Gage também os portáteis Sony PSP e Nintendo DS apresentados na mesma época.
Apesar da falta de sucesso e algumas falhas, a ideia de jogos melhores nos smartphones era muito boa e conseguiu adquirir muitos clientes que ansiavam por mais jogos em seus smartphones. Com isso a Nokia planejou o retorno em 2008, transformando a idéia do N-Gage no que ele realmente deveria ter sido, uma plataforma para todos os seus smartphones. Nesta época os processadores ARM evoluíram e contando com cerca de 300mhz e 64mb de RAM, a Nokia sentiu que era hora da N-Gage voltar.
A nova fase do sistema denominada N-Gage 2.0 não se restringiu apenas a um aparelho. Graça a ação dos crackers e hackers na época do primeiro N-Gage, a Nokia percebeu que as pessoas estavam rodando seus jogos em qualquer smartphone da empresa. Com isso a proposta da nova N-Gage seria uma plataforma mais abrangente, ligada a todos os aparelhos das Séries “N” e “E”.
Mesmo assim, a falta de percepção de mercado fez a Nokia cometer outros erros. Um deles foi dar atenção total ao cliente e esquecer o desenvolvedor, cada vez mais carente de suporte para as suas criações. Do outro lado, a Nokia também restringiu demais o alcance da N-Gage, poucos aparelhos foram suportados.
A questão técnica
Do ponto de vista técnico, o Symbian só é um pouco mais rápido que o J2ME em renderização 3D e como não utiliza aceleração por hardware na maioria dos seus jogos, esses games ficavam com uma aparência de jogos do Playstation 1 e Saturn.
A tela dos primeiros smartphones eram muito pequena e o formato dessa tela (retrato) não ajudava. No princípio, o desejo exagerado dos desenvolvedores para criar jogos em 3D (tendência da época) fez com que o Symbian não se saísse muito bem no desenvolvimento desses. Grande parte da culpa aqui reside na própria Nokia, por não fornecer ferramentas interessantes e fáceis para ajudar os desenvolvedores a programar games para o Symbian. Para você ter uma ideia, a única Engine importante (Airplay SDK) só ficou disponível a venda quando a plataforma já estava praticamente morta em outubro de 2009.
O Symbian possui várias versões (S60v1, v2, v3, v5, ^3), sendo que a grande mancada é a maioria dos aplicativos não serem retro-compatíveis. Existe até o exemplo clássico do game Pandemonium que demorou anos para ser portado de S60v2 para S60v3.
Os Games
No quesito que realmente importa, os jogos do N-Gage marcaram profundamente os abençoados que tiveram o aparelho na Época. Como dito anteriormente alguns jogos rivalizam com os games produzidos para Playstation 1 em gráficos. Contudo, é um erro fazer essa comparação, na realidade, o Symbian (e o N-Gage) estavam mais próximos em nível de hardware ao Gameboy Advance.
King of Fighters Extreme, One, Ashen, Metal Gear Mobile, System Rush – são exemplos de jogos exclusivos que ainda estão no limbo da N-Gage sem previsão de retorno.
Conclusão
O Symbian e sua compatriota N-Gage podem não terem tido sucesso absoluto no quesito games. Contudo, eles pavimentaram muito bem o terreno para o surgimento de uma plataforma que até ultrapassaria os portáteis atuais no quesito alcance. O iPhone OS (iOS) mudou o jogo e colocou os smartphones em pé de igualdade até frente os consoles caseiros. Mas isso já é algo recentes demais para considerarmos história.
Outros artigos da série:
- A História dos Jogos de Celular – 1ª Parte – Jogos embargados (Snake e derivados)
- A História dos Jogos de Celular – 2ª Parte – O Eterno Java (J2ME)
- A História dos Jogos de Celular – 3ª Parte – A Era Symbian
Leia também:
Muito boa essa matéria sobre a história dos celulares. Aprendi muita coisa que não sabia.
Sou gamer de celular há muito tempo e pude acompanhar essa evolução de perto.
Meu primeiro celular foi um nokia 3310 (presente de aniversário de 10 anos) e nele zerei meu primeiro jogo de celular, Space Impact. Era viciante esse jogo e o zerei milhares de vezes.
Meu próximo celular foi um samsung n480. Ele tinha tela colorida e eu fiquei muito empolgado com os jogos.
Uma curiosidade dele era que ele não usava java. Os jogos eram feitos em brew. Graças a um bug na loja de downloads da vivo (que permitia baixar qualquer aplicativo tendo menos de 10 centavos de crédito grátis) eu pude aproveitar muitos jogos nele e me diverti bastante. Nele eu conheci jogos como Hive of Evil, Bloody Ghost, Super dventure Island, Star Wars, Stargate sg1, duke nukem mobile, off road racing, entre outros.
Meu próximo celular foi um sony ericsson w580 e foi com ele que eu descobri o paraíso de jogos chamado java! 😀 Nunca joguei tanto em celular como nele. Eu lembro que eu baixava pacotes de 200 jogos java e ficava dias e dias jogando. Era muito bom mesmo. Foi nele que descobri jogos como Diamond rush, Might and Magic 2, Asphalt, Galaxy on fire, Moto racing fever, Silent hill mobile, zombie infection, doom rpg, johnny cash, guitar legend entre centenas de outros games.
Atualmente estou com um s60v5 e foi a primeira vez que quebrei a cara com um celular. Parece que a febre dos jogos está agora no ios e andróid. Pretendo comprar um o mais rápido possível para entrar nessa nova geração e continuar a desfrutar da minha paixão por jogos de celular que superam até meu gosto por jogos de consoles.
Achei ótimo seu site! Parabéns! 😀
Obrigado Felipe
Muito boa a retrospectiva. Lembro que tive um nokia 6230 s40, que se tornou inesquecível pra mim pois me deu a possibilidade de realizar aquilo que sempre não pude ter quando mais jovem: um gameboy ou outro mini console. Depois me rendi ao symbian, mas me desiludi assim como todos que acompanharam a plataforma, pois a Nokia deixou ele como um zumbi, para “zumbizar” por aí. Tive um E50, um N95, um N85 e por fim um E62. Bons aparelhos, mas que perdem em muito para um s40, pois me rendi novamente a plataforma e hoje tenho um nokia C2-01, que não me deixa na mão. Não tem wi-fi, é verdade, mas supre bem minhas necessidades. Muito bom o post, me tornei fã desse site/blog e vou acompanhar direto. Vida longa ao Mobile Gamer!!!!!
Muito obrigado pelo apoio.
Da mesma forma que você se decepcionou com a maioria dos usuários do Symbian, também me desiludi com vários usuários do Android que não enxergam nada além do OS do Google, que é excelente mas existem outros sistemas.
O N-Gage esse antigao da foto em forma de GBA com a tela pequena de mais, era muito bom ate a jogabilidade nunca vi mais uma jogabilidade em um portatil igual a um console de mesa tirando NDS PSP e xperia play esse tombraider era muito dahora o que emcomodava era a tela pequena e os botoes duros e comparando com o iOS e android o que incomodava era a customisaçao que era igual ao de um celular.
Podre crer, ainda tenho um desses e vou fazer uns retro review assim que tiver tempo