Asphalt 8, Real Racing 3, Blitz Brigade, esses jogos são novos para você? E The Dark Knight Rises, Willd Blood e Mass Effect Infiltrator, também? Olha amigo, acho que você está vivendo no passado. Mas fique tranquilo, não é apenas o seu caso. Ao que parece, as grandes empresas de jogos mobile estão vivendo a ressaca de 2013, um dos melhores anos em termos de jogos para celular.
De lá pra cá, vimos pouca inovação e muitos, mas muitos jogos freemium. É verdade, tivemos games novos como Modern Combat 5, muitas conversões de jogos de PC e games pagos de outras empresas. Mas eu vivi o suficiente para ver tanto MC5 como N.O.V.A 3 virarem jogos free-to-play. FIFA 13 então, nem preciso dizer no que se tornou.
Também em 2013, foi lançado o excelente Deus Ex: The Fall para iOS e posteriormente, o game chegou também ao Android. E quem não lembra da promessa que foi Call of Duty Strike Team, game que prometia colocar a série COD em destaque no iOS e Android?
– Por que não vemos mais tantos jogos pagos de empresas como Gameloft e EA?
Meus queridos, a grande verdade dos fatos é que muitos desses jogos premium (pagos) sequer conseguiram se pagar. Caso você não saiba, os estúdios de Deus Ex: The Fall e Call of Duty Strike Team foram completamente dissolvidos e incorporados por outras seções das respectivas empresas. O motivo? As baixas vendas de ambos os jogos.
Para piorar, o mercado de jogos mobile está muito diferente do que era em 2013. Naquela época, estamos em um período de transição entre 2012, um ano em que as empresas apostaram bastante em jogos pagos, e a realidade recente dos jogos freemium (veja um caso aqui), cada vez mais populares na App Store e Google Play.
Nem preciso dizer que todo o sucesso da SuperCell e King (veja os links) com jogos free-to-play simples como Clash of Clans e Candy Crush Saga, ofuscou a vista dos investidores. Afinal, quem não se ofusca com uma tonelada de “verdinhas”?
Hoje, lançar um jogo pago é visto como uma insanidade pelo pessoal de Wall Street. A Gameloft, por exemplo, há quase um ano não lança um jogo premium. A EA Mobile está na mesma situação, tendência está que está sendo seguida por outras empresas grandes.
Nadando contra a maré, ainda há boas opções de jogos pagos
Por outro lado, vemos que produtoras menores têm apostado no segmento de jogos premium e se dado muito bem. É o caso da Raynark, produtora do jogo Implosion (Android e iOS – US$ 9,99). A empresa lançou o game no Android como demo com uma única compra inclusa. Os jogadores entenderam que valia a pena pagar pelo jogo. Implosion virou sucesso de crítica e de público e é considerado por muitos, um dos melhores lançamentos de 2015.
– Cadê a (Re)evolução gráfica que estava aqui?
Outro elemento importante que me faz sentir ainda em 2013 é a evolução das GPUs. Os saltos gráficos foram enormes no iOS, graças a tecnologia Metal. Mas para a grande maioria que possui dispositivos medianos da Apple (iPhone 5, 5C e 4S) ou dispositivos com Android, praticamente pouca coisa mudou de 2013 pra cá.
Quem tem um Nexus 4, por exemplo, continua a ter um bom dispositivo para jogos, que embora apresente gráficos básicos em games “pesados”, ainda é perfeitamente jogável. Se você tem um Nexus 5 ou Galaxy S4 4G, então, você tem praticamente um aparelho intermediário para jogos.
Veja, por exemplo, esse comparativo entre o Galaxy S5 em suas duas versões: uma com Adreno 330 e outra com 420. Não há praticamente diferença no Benchmark e o resultado em jogos é quase idêntico.
O vídeo do canal Adriansien é ainda mais revelador. Nele, é possível perceber o Galaxy S6 rodando o teste 3D na mesmíssima velocidade do S5. Com o bônus hilário do S6 travar durante o vídeo.
Não sou fã de Benchmarks,
mas se as novas GPUs não
conseguem mostrar serviço em números,
que dirá jogando no dia a dia.
Por que estou dizendo isso? Porque, nesses casos, não vale a pena trocar de celular apenas para ter um efeito de sombra à mais em certos games. A maioria dos jogos de Android sequer explorou toda a capacidade da Adreno 330.
Junte isso a elementos como: processadores de 64bits com clock baixo, muita preocupação com autonomia da bateria, as apáticas Adreno 405/418, resoluções altíssimas (1444p força a GPU) e assim temos esse “2013 eterno” em que vivemos.
Assim sendo, comprar um Galaxy S6 ou LG G4 não garantirá um visual gráfico surpreendente a ponto de você dizer “Minha nossa, que salto em relação ao top de linha de 2 anos atrás”. A menos que os produtores escovem os bits e extraiam tudo que as GPUs novas podem oferecer. Isso nos leva ao tópico seguinte.
– Apple e Nvidia, as únicas que querem a evolução dos games mobile
Apple e Nvidia, uma do lado do iOS e outra do Android, são as duas únicas empresas que estão buscando elevar o nível da brincadeira. A Apple apostou na tecnologia Metal, criada por ela mesma, e os resultados já estão começando a aparecer. Desde o ano passado é visível que alguns jogos pesados são muito mais bonitos nos dispositivos top da linha da maçã.
Porém, vale lembrar que a tecnologia Metal trata-se de software que implementa e traz recursos presentes no hardware. Como isso acontece? Os desenvolvedores de jogos no iOS tem acesso mais fácil aos recursos do hardware através da “Metal”. Porém, isso não quer dizer que o mesmo resultado não possa ser alcançado utilizando OpenGL.
Já no caso da Nvidia, a coisa é mais séria. Com seu histórico focado em processamento visual, a Nvidia trouxe para os tablets e consoles o K1 e X1. São dois processadores muito poderosos, que infelizmente não estão disponíveis para smartphones.
Para ter uma ideia do poder de fogo do X1, esse processador em benchmarks supera fácil o Snapdragon 810 e Apple A8X. Entretanto, todo o poder do X1 só pode ser liberado se os desenvolvedores realmente souberem aproveitar o potencial do aparelho. Caso contrário ele ficará subutilizado em muitos jogos, como acontece atualmente com o Snapdragon 805 e 808.
– Popularidade dos smartphones básicos segura o nível dos jogos mobile
Por fim, quero tratar de um tópico delicado, mas verdadeiro. Muitos produtores fazem pesquisa de mercado e lançam jogos para rodar na maior quantidade de dispositivos, sim!
Moto G, iPhone 4S, iPad 2, Galaxy S3, RedMi 2 e etc.. A maioria dos jogos lançados hoje em dia, buscam rodar em aparelhos básico ou intermediários. São poucos games exclusivos para dispositivos top de linha, ou que buscam explorar ao máximo o potencial dos celulares. É algo muito diferente do que víamos em 2010/2011, onde quase todos os jogos eram para iPhone 4 e 4S e Galaxy S2.
O motivo? A popularidade dos jogos e o consequente ranqueamento nas lojas de aplicativos. Quanto mais gente estiver jogando um game, mais ele sobe no top de jogos gratuitos e mais ele fica em evidência. Assim, a experiência de jogos mobile, hoje em dia, é pensada para o grande público, não pagante, que possui dispositivos básicos ou intermediários.
Bom, por hoje é só! Espero ter sanado algumas dúvidas e questionamentos sobre o “marasmo” que vivemos atualmente quando o assunto são jogos pagos. Claro que há muitos outros fatores que influenciam o mercado de jogos, mas busquei me ater apenas aos que achei mais importante. Embora o modelo premium de games de ação em terceira pessoa e FPS tenha saído de moda, ainda há muitos jogos pagos de aventura, estratégia e outros gêneros sendo lançados constantemente por empresas menores e menos focadas no top de jogos gratuitos.
É chato quando lança um jogo aí eu vou ver não é compatível com o aparelho, eu recorro ao pirata e o jogo roda perfeito sem nehum leg sem nada, no caso do MC5 e NFS With Limits
é pow, é um saco, tenho zen 5, e esses jogos rodam tão bem, fico me perguntando o porque da incompatibilidade
Excelente matéria,hein…Vc realmente falou todos os detalhes que estão prejudicando no campo dos jogos mobile.
Felizmente,temos algumas empresas indie que estão apresentando boas surpresas premium.
O triste é saber que tem muito poder de fogo que não está sendo aproveitado…salvo algumas exceções,como nba2k15,Forgotem Memories,Heroki,Implosion(IOS) ,Trine 2(Tegra K1),entre alguns outros..
Quem sabe essa nova safra de jogos(Real Boxing 2,Afterpulse,Dead Effect 2,Eisenhorn e outros),não seja uma boa lufada de ar nesse lamaçal freemium…. Vamos torcer que sim.
Ainda bem Roberto, ainda bem.
Se não fosse essas produtoras menores, estaríamos fadados a mesmice “freemium”. Esse ano ainda tem o The Banner Saga 2.
Falou tudo, excelente matéria, hoje em dia já nem crio mais expectativas em cima de novos lançamentos… Esperei tanto o Godfire da Vivid e me frustrei, fora muitos outros…
Praticamente nem tenho mais jogos no meu celular, exceto um ou outro mais casual, mas perdi o gosto pela falta de inovação e dominância dos freemium, com um apelo gigantesco nas iaps. Quando você consegue um jogo interessante, como o Marvel Future Fight, ou você abandona sua vida pra jogar e ganhar um personagem bacana, ou vai ter que gastar mais e mais…
Falta muita inspiração na indústria… E infelizmente a onda freemium tirou o gosto de grande parte das pessoas pelos jogos…
Realmente é possível ver muito potencial desperdiçado em prol de transformar o game em um caça-níquel.
Uma prova é o jogo que você comentou, Marvel Future Fight. Cara, potencial incrível para virar um jogo de beat’em up, mas os caras capam a jogabilidade e deixam as fases minúsculas. Isso é triste.
Infelizmente é isso o que têm acontecido com grandes jogos e que tinham potencial pra brilhar… Ainda não tinha jogado o Implosion, mas vi uma luz no fim do túnel, pois é um baita jogo e que remete aos bons tempos, quem sabe um dia não voltemos a ter grandes títulos sem tanto apelo às compras…
Também esperamos que mais empresas pequenas apostem em jogos premium. 100mil ou 200mil cópias vendidas pode não ser nada para empresas grandes, mas para pequenas, é um faturamento e tanto.
Com certeza, pra uma Gameloft ou EA da vida não é nada, mas pras pequenas é muito, e acho que essas empresas que podem nos salvar, pelo menos temos essa esperança. Pq expectativa das grandes, já não tenho mais nenhuma, e todos lançamentos só tem decepcionado ultimamente…
Gostaria de parabenizar pela excelente matéria.
Abrangeu todos os tópicos relacionados ao assunto, muito bom!
Muito obrigado!
Muito bacana a matéria, parabéns! Muito útil pra quem joga e quem produz também.
Valeu!
Cara muito boa a matéria, na minha humilde opinião uma das coisas que também acabaram com a indústria de games para smartphones foi além das empresas ganharem com a venda dos jogos era querer ganhar mais após os consumidores comprarem, é o caso do Real Racing 3, eu ainda não ví ninguém que zerou o game sem gastar seu suado dinheirinho comprando aquelas moedas, eu acho que se você já comprou o jogo, todos os recursos deveriam sr liberados.
Excelente texto! E concordo plenamente, o mercado mobile caiu muito…