Honey: Extensão de Navegador “Roubou” Dinheiro de Influenciadores por Anos – E Eles Mesmo a divulgaram

Desde 2017,  a extensão de navegador Honey foi promovida como uma ferramenta indispensável para economizar dinheiro durante compras online nos EUA. Comprada pelo Paypal, a Honey prometia bons descontos, mas fazia o oposto, procurava o preço mais caro e literalmente “roubava” a comissão dos influenciados.

Influenciadores famosos como Marques Brownlee e Mr.Beast caíram no golpe que literalmente “roubou” dos influencers milhões de dólares.

Agora vem a parte mais sádica da notícia, os próprios influenciadores divulgavam a extensão.

Uma investigação recente expôs práticas altamente questionáveis envolvendo o funcionamento da extensão, revelando um esquema que prejudicou tanto influenciadores quanto consumidores.

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Até mesmo youtubers famosos como Marques Brownlee caíram no golpe.

Como a Honey Operava?

A promessa da Honey era simples: ajudar usuários a economizar dinheiro em compras online ao encontrar cupons válidos automaticamente. No entanto, a investigação revelou que a extensão manipulava o sistema de marketing de afiliados de forma enganosa.

  • Substituição de Cookies de Afiliados: Quando um usuário clicava em um link de afiliado, como os promovidos por influenciadores, um “cookie de rastreamento” era registrado no navegador para garantir que o influenciador recebesse uma comissão pela venda. Porém, ao chegar na página de checkout, a Honey substituía esse cookie por um próprio, redirecionando a comissão para si mesma, mesmo que não tivesse sido responsável por levar o cliente até o site.
  • Simulação de Último Clique: A extensão simulava um “último clique” nos momentos finais da compra. Ao clicar no botão de aplicar cupons, a Honey abria discretamente uma nova aba no navegador, simulando um redirecionamento de afiliado e afirmando ser responsável pela venda. Assim, garantiam a comissão que, na verdade, deveria ser destinada ao influenciador original.
  • Controle de Cupons pelas Lojas: Apesar de prometer encontrar os melhores cupons disponíveis, a Honey permitia que as lojas parceiras controlassem quais descontos eram exibidos aos usuários. Muitas vezes, cupons melhores encontrados manualmente não eram aplicados pela extensão, beneficiando as lojas e prejudicando o consumidor.

Impactos nos Influenciadores

A prática de substituir cookies teve um impacto direto nos rendimentos de influenciadores, especialmente aqueles que promoviam produtos por meio de links de afiliados. Grandes nomes, como o canal Linus Tech Tips, só descobriram anos depois que a Honey estava “roubando” suas comissões.

O Linus Media Group, um dos maiores promotores da extensão, realizou cerca de 160 anúncios para a Honey antes de encerrar a parceria em 2022. Após investigações internas, descobriram que a extensão estava prejudicando suas campanhas de marketing de afiliados, substituindo links e desviando comissões. Mesmo assim, os vídeos promovendo a Honey permaneceram no ar, acumulando milhões de visualizações.

Consumidores Também Foram Enganados

A Honey não apenas prejudicou influenciadores, mas também enganou seus próprios usuários. A promessa de encontrar “os melhores cupons disponíveis na internet” foi desmentida. A investigação revelou que a Honey frequentemente aplicava apenas cupons previamente aprovados pelas lojas, muitas vezes com descontos menores do que os disponíveis publicamente.

Além disso, consumidores relataram dificuldades em encontrar cupons realmente vantajosos por meio da extensão. Quando cupons melhores eram descobertos manualmente, a Honey não os adicionava à sua base de dados, priorizando os interesses das empresas parceiras.

Como o Sistema de Afiliados foi Manipulado

No marketing de afiliados, o sistema de “atribuição de último clique” é amplamente utilizado. Isso significa que o último link acessado antes da compra recebe o crédito pela venda. A Honey explorava esse sistema ao se posicionar estrategicamente no momento final da transação, simulando ser a responsável pelo redirecionamento.

Além disso, a extensão utilizava um programa chamado Honey Gold, atualmente conhecido como PayPal Rewards. Nesse modelo, a Honey oferecia pequenos reembolsos aos usuários em troca de cliques no botão que simulava o último redirecionamento. O valor devolvido aos consumidores era uma fração mínima da comissão recebida, como foi demonstrado em testes que expuseram reembolsos de apenas US$ 0,89 para comissões de US$ 35.

Uma Prática Generalizada

De acordo com a investigação, a Honey patrocinou cerca de 5.000 vídeos em mais de 1.000 canais no YouTube, acumulando impressionantes 7,8 bilhões de visualizações. A extensão foi amplamente promovida por influenciadores de tecnologia, gamers e criadores de conteúdo de diversos nichos, consolidando sua reputação como uma ferramenta indispensável para consumidores.

No entanto, a realidade por trás da Honey contradizia sua publicidade. A extensão não apenas falhou em cumprir suas promessas, como também explorou consumidores e criadores de conteúdo, prejudicando financeiramente ambos.

Repercussão e Lições

A exposição das práticas da Honey gerou uma onda de indignação entre influenciadores e consumidores. Apesar das acusações de fraude e engano, a empresa continua operando, agora sob a gestão da PayPal, que adquiriu a extensão por US$ 4 bilhões em 2020.

Esse caso destaca a necessidade de maior transparência no marketing digital e no funcionamento de ferramentas amplamente promovidas por influenciadores. Para consumidores, é um lembrete de que nem tudo que é amplamente anunciado cumpre suas promessas, especialmente quando algo parece “bom demais para ser verdade”.

Fonte The Verge

Esse vídeo aqui explica bem o golpe (tem legendas em português):

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