O setor de games do Brasil não para de crescer. Com mais de 74% dos brasileiros jogando algum tipo de jogo eletrônico, segundo a Pesquisa Game Brasil, isso não surpreende. O país tem o maior mercado gamer da América Latina, e parte disso é graças as novas tecnologias que estão sendo implementadas.
Blockchain nos jogos online
A adoção da blockchain favorece a criação de ativos digitais com valor real e propriedade confirmada nos videogames. Em outras palavras, os itens do jogo, como armas e personagens, podem ser representados por tokens não fungíveis (NFTs). Então os jogadores se tornam donos dos itens e podem comprar, vender e até fazer trocas entre eles.
Isso já é uma realidade. Títulos como The Sandbox e Decentraland utilizam a blockchain para assegurar itens únicos. O estúdio Redcatpig, por exemplo, com o jogo HoverShock, trabalha para integrar os NFTs sem sobrecarregar os usuários com jargões tecnológicos. Embora a tecnologia blockchain não seja exatamente nova, ainda é complexa para a maioria das pessoas.
Blockchain nas transações
Esse nome já é mais do que conhecido nas notícias sobre criptomoedas. Mas é mais do que apenas um método de pagamento em plataformas de jogo online. Essa tecnologia oferece mais segurança, algo muito importante em qualquer atividade online. Principalmente em apps de jogos que oferecem a opção de comprar pacotes de benefícios, roupa para personagens e outras facilidades.
É por isso que as empresas brasileiras estão investindo em blockchain, e até alguns órgãos públicos mostraram interesse nessa tecnologia. Em 2023, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, criou um fundo de R$ 400 milhões para incentivar projetos em inteligência artificial e blockchain.
O Projeto Ilíada, lançado no ano passado em uma parceria com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações e o Softex, foi apoiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Ele foca em estudos sobre o uso da blockchain no Brasil. E teve um investimento de R$ 23 milhões para acelerar a adoção dessa tecnologia no país.
Blockchain nas startups
Essa tecnologia está atraindo muitos olhares, não só dos jogadores e desenvolvedores de jogos, mas também das empresas. A Bayz, uma empresa de São Paulo, já trabalha com jogos blockchain. E muitas outras estão explorando a tecnologia para criar plataformas que permitem a compra e venda de ativos em jogos online.
O Brasil é o terceiro maior mercado de games do mundo, são mais de 90 milhões de jogadores no país. E poder adquirir skins e drones baseados em NFTs cria todo um nicho a ser explorado pelas empresas brasileiras. Algo que já é uma realidade lá fora. Empresas como a americana VEU se especializa em soluções blockchain para jogos.
Em Portugal, o consórcio eGames Lab que promove a internacionalização da indústria de jogos, incorpora blockchain como parte de suas estratégias. Por isso as iniciativas brasileiras são tão importantes. Para manter o país em pé de igualdade com gigantes estrangeiras em termos de tecnologia para jogos.
O potencial do mercado de jogos para celular no Brasil
De acordo com a edição de 2023 da Pesquisa Game Brasil, cerca de 51% dos gamers brasileiros preferem jogar em celulares, enquanto 36% utilizam consoles e 22% recorrem ao PC. Isso mostra a popularidade dos smartphones, que hoje estão presentes em mais de 88% dos lares brasileiros, segundo dados da Fundação Getulio Vargas.
A conveniência de poder jogar em qualquer lugar, a ampla oferta de títulos gratuitos ou de baixo custo e a evolução constante do hardware dos dispositivos móveis impulsionam ainda mais essa tendência. O acesso cada vez mais rápido à internet também facilita. Com a chegada de tecnologias como o 5G, a latência tende a cair drasticamente, proporcionando experiências de jogo muito mais fluidas.
Esse avanço na conectividade abre portas para jogos online mais complexos, inclusive aqueles que se baseiam na blockchain para gerenciamento de ativos e transações. A relevância de oferecer experiências diferenciadas em dispositivos móveis também impulsiona a adoção de soluções inovadoras.
Hoje em dia, muitas produtoras de jogos já incluem eventos, torneios e recursos sociais dentro de aplicativos, tornando os games ainda mais atrativos. O fato de o Brasil ter uma população majoritariamente jovem e conectada aumenta a aceitação de aplicativos que incluem funcionalidades de blockchain, caso isso signifique maior segurança.
Enquanto alguns anos atrás a ideia de integrar blockchain a um game para smartphone poderia soar complexa, atualmente várias desenvolvedoras já operam no modelo de “play-to-own”. Sendo assim, o jogador não se limita a desbloquear itens apenas para uso pessoal no jogo; ele também pode revendê-los ou trocá-los em marketplaces especializados.